Sidnei Piva diz que ITA não lesou clientes; Ministério da Justiça discorda
Ministério da Justiça discorda e abre processo
O jornalista Roberto Cabrini intercalou as acusações contra o empresário e as respostas de Piva com depoimentos de passageiros sem assistência nos aeroportos (segundo eles, nem hotel, nem alimentação, nem voos para passar o Natal e as festas com as famílias) e as negativas de empresas citadas por Piva.
Por exemplo, Piva cita, perguntado por Cabrini, que a Orbital, terceirizada em Guarulhos, parou o atendimento por conta própria, sem avisar. A empresa negou e disse que estava sem receber desde setembro. "O Grupo Orbital vem a público informar que em nenhum momento deixou de prestar atendimento dos serviços especializados para a ITA, mesmo com os pagamentos em atraso desde setembro de 2021. O Grupo Orbital esclarece também que não possui qualquer relação com a decisão da ITA de paralisar temporariamente as operações aéreas", diz a nota exposta na reportagem.
Piva disse que um dos erros da ITA foi apostar na terceirização e promete voltar em 60 dias, com funcionários próprios no atendimento de aeroportos.
Os problemas de atendimento, aliás, vinham desde outubro, com várias denúncias chegando ao Portal PANROTAS. À PANROTAS, a ITA, por meio do CEO Adalberto Bogsan e do diretor comercial Diogenes Toloni, afirmou que os problemas de atendimento se deveram a um ataque de hackers. Nenhuma fonte ouvida pela PANROTAS soube desse ataque.
Cabrini não abordou a questão dos salários atrasados de colaboradores (que ainda não receberam 50% devido e o décimo terceiro) ou a dificuldade de trazer aeronaves, outros pontos que mostram uma crise maior na companhia. Inclusive todo o departamento comercial foi mandado embora e houve troca de vários diretores, alguns que até participaram do lançamento da companhia.
Bogsan, na conversa com a PANROTAS, assumiu dificuldades financeiras (que já havia reportado ao Sindicato de Aeronautas, justificando os atrasos em salários e diárias), e disse que a ITA esperava um aporte de R$ 200 milhões, já que o de US$ 500 milhões, de um fundo árabe, prometido por Piva no lançamento da ITA, nunca apareceu.
TRADE
A reportagem da Record também não abordou que empresas do setor, como os grupos CVC Corp e BeFly, estão, por conta própria reembarcando passageiros. A CVC chegou a fretar aeronaves da Gol para embarcar seus clientes e a BeFly disse que vai reacomodar a todos, e depois ir atrás do reembolso com a ITA. Outras, como a Ancoradouro, disse que nunca vendeu ITA, mas que apoiaria seus clientes nesse momento.
Reembolso que é a justificativa de Sidnei Piva para dizer a Cabrini que "não lesou os clientes". Suspendeu voos, pede desculpas por isso, mas está devolvendo dinheiro. Por isso não teria lesado os viajantes que compraram bilhetes da Itapemirim.
Não é, porém, o que acha o Ministério da Justiça, que decidiu abrir processo contra a Itapemirim neste final de semana, alegando que a companhia lesou os consumidores. A multa da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor, do MJ) pode passar dos R$ 11 milhões, mesmo valor levantado pelo ProconSP. O dano à coletividade, segundo o MJ, está configurado.
Na reportagem da Record, Roberto Cabrini ainda expôs as brigas da recuperação judicial do Grupo Itapemirim (Piva diz que ela está 80% paga), deu dados sobre a vida de luxo de Sidnei Piva (que tem salário de R$ 300 mil na empresa) e ainda levantou as acusações, negadas por Piva, de compra de uma empresa de R$ 6 bilhões na Inglaterra, e de envolvimento de um escândalo de criptomoedas. No primeiro caso, Sidnei Piva diz que não comprou e sim abriu uma empresa em Londres e no segundo caso, afirmou que é vítima.
Sidnei Piva também negou que tenha quatro CPFs. Perguntado se teme ser preso, diz que não. E que acredita que o brasileiro ainda dará um voto de confiança a seu empreendedorismo, haja vista como teria recuperado o Grupo Itapemirim. "Pela competência a ITA ganha", segundo ele.
Assista à entrevista na íntegra.