Trade experimenta e está otimista com a chegada da ITA

Entre promessas, afirmações e sonhos do presidente Sidnei Piva, a ITA Transportes Aéreos realizou nesta terça-feira seu voo inaugural, entre São Paulo e Brasília. Admitidamente emocionado, o líder da nova companhia nacional falou aos convidados em tratar o cliente em nível de classes executivas internacionais, garantiu ser a aérea doméstica com o maior espaço entre as poltronas e assegurou proximidade com o trade.

Previu também oferecer um produto para fazer lembrar os tempos áureos da aviação nacional. Prometeu conectar, ao longo do tempo, mais de 2,7 mil cidades na integração com o rodoviário do grupo e de realmente chegar a 50 unidades A320 até a primeira metade de 2022. Tem projetos de fomentar a cultura brasileira, como colocar feijoada nos voos de sábado ao Rio de Janeiro, fazer apresentações de artistas em rotas selecionadas e "revolucionar" a maneira como se acumula e consome milhas no Brasil.

Com os pés no chão e dosando o calor da emoção de uma estreia, os convidados para este voo inaugural estão confiantes no sucesso da ITA. Executivos, agentes de viagens, empresários, operadores, consolidadores e um viajante corporativo comediante... o Portal PANROTAS ouviu alguns dos passageiros para saber o que esperar da ITA, se existe espaço para mais uma aérea e que diferenciais a nova concorrente terá de mostrar para se estabelecer.

MARCO OLIVA - CLUB MED

Com o relançamento do village em Trancoso, a ITA se torna uma possibilidade importante para o Club Med.

“Estamos animados com a rota Salvador-Porto Seguro. Sem o village de Itaparica, pretendemos atrair o mercado soteropolitano a Trancoso, isso sem contar as conexões para atrair brasileiros de todos os cantos. Porto Seguro perdeu voos recentemente e ter a ITA como nova possibilidade é uma excelente notícia, já que os demais resorts são atendidos de carro", afirma Marco Oliva.

EDMAR BULL - COPASTUR

A sobreposição de rotas entre ITA e concorrentes como Gol e Latam existe, mas a estreante tem total possibilidade de encontrar seu mercado, para Edmar Bull, que enxerga com otimismo essa inauguração em plena crise.

“Há oportunidades em momentos difíceis como o atual, e a ITA está aí para prová-lo. Lazer e corporativo ganham uma nova opção e embora haja rotas sobrepostas, a alta demanda dará conta da oferta na retomada. A proposta de entregar um bom serviço, mais espaço e uma ITA Class com 42 assentos agradará o cliente a trabalho.”

GERVÁSIO TANABE - ABRACORP

Regularidade e pontualidade é o que a ITA precisa ter logo de cara para conquistar o viajante corporativo, na visão do presidente executivo da Abracorp.

“São aspectos essenciais para que a companhia tenha a confiança das TMCs. A ITA começa aos poucos, mas com planos enormes, que animam a Abracorp. Sabemos que competição gera melhoria de produtos e serviços, e a ITA certamente elevará o nível do mercado aéreo nacional. Existe espaço para essa quarta aérea, sim, todos saem ganhando.”

DIOGO PORTUGAL - COMEDIANTE

O comediante Diogo Portugal também fez o voo inaugural da ITA. Ele conta do que ele, viajante frequente a todas as regiões do País, precisa para ter uma boa experiência.

“Muitas vezes acontece de o nosso contrato ser fechado sem a franquia de bagagem, de maneira que a equipe tem de resolver essa situação no ato do embarque, em cima do horário. A inclusão da ITA [de uma bagagem de até 23 quilos] é uma tranquilidade. Maior espaço a bordo também faz a diferença”, afirma, ressaltando a necessidade de voos pontuais.

DANY OLIVEIRA - IATA

O country manager da Associação Internacional do Transporte Aéreo no Brasil, Dany Oliveira, exalta a coragem e a iniciativa da nova companhia e aproveita para reforçar demandas sempre presentes por parte da IATA.

“Não é sobre o que a ITA precisa oferecer, é sobre o que o Brasil tem de ter. O País precisa de custos competitivos, sobretudo de combustível, para viabilizar a operação de todas suas aéreas. Gosto muito da proposta da ITA quando falam em democratizar o transporte aéreo nacional. As administrações públicas precisam fazer sua parte, melhorar a infraestrutura aeroportuária e lutar para deixarmos de ser o país com o combustível de aviação mais caro do mundo.”

CARLOS PRADO - TOURHOUSE

Existe, sim, espaço para a ITA atuar com aeronaves cheias, embora o desafio seja grande, como é para as concorrentes já estabelecidas. Para Carlos Prado, da Tourhouse, a companhia terá condições de se aproveitar da demanda reprimida tanto no corporativo quanto no lazer.

"Essa proposta de focar na prestação de serviços é positiva. Pensar além de transportar o passageiro do ponto A ao ponto B, com atenção aos detalhes da experiência pode ser um caminho para agradar um consumidor exigente. A ITA se mostra dedicada a isso e está no caminho certo", conclui Prado.

VANDERLEI FOLGUERAL - BRT CONSOLIDADORA

Para o executivo da BRT Consolidadora Vanderlei Folgueral, o espaço entre as poltronas realmente foi sentido no voo inaugural e tão logo o serviço de bordo seja liberado pós-pandemia a ITA poderá mostrar seu valor, desde que a tarifa não seja tão alta.

"O consumidor gosta de vivenciar as experiências que a ITA está prometendo. Porém, o preço dos bilhetes não pode destoar da média do mercado. Espaço para mais uma aérea certamente há, mas ela precisa ser competitiva em termos de preço."

SIDERLEY SANTOS - GRUPO ARBAITMAN

Siderley Santos, da Maringá Turismo e da ferramenta de reservas on-line Lemontech, conta que se encontrou com Sidnei Piva quando o presidente da ITA foi negociar investimentos para abrir uma aérea no Brasil.

"Acompanhei desde o início [em Dubai, como relatou Piva]. Vi tudo acontecendo e só tenho motivos para acreditar que a ITA vem com toda força. Não só o mercado tem espaço como precisamos de mais uma companhia aérea, afinal, atualmente temos três, que podem se tornar duas. Tanto na atuação como TMC quanto como OBT eu fico feliz com a concretização deste projeto. As rotas da ITA vão ajudar bastante nosso mercado", afirma.

INÊS MELO - UNAV

A abertura dada pela ITA aos agentes de viagens empolga Inês Melo, da Unav. Para ela, quanto mais empresas acreditando no Brasil e sobretudo atentas à importância do agente, melhor.

"A primeira reunião deles foi com a Unav e, na ocasião, prometeram que não terá diferença de tarifas entre o canal direto e as consolidadoras. Como não estarão diretamente nos GDSs, os agentes comprarão por meio das consolidadoras, e só o que queremos são tarifas equivalentes. Assim a escolha é do cliente."

ALDO LEONE FILHO - AGAXTUR

Com investimento no doméstico, a Agaxtur colocou Porto Seguro e Salvador em sua prateleira e promete Natal para agosto. Destinos para os quais a ITA voará e, portanto, motivos para o presidente da operadora, Aldo Leone Filho, comemorar. "Serviço diferenciado, mais espaço interno e um bom atendimento", diz, sobre a ITA.

LUCIANO GUIMARÃES E SYLVIO FERRAZ - CVC CORP

O mercado tem, sim, espaço para a quarta aérea. Na verdade, a ITA, na visão de Luciano Guimarães, já entra em um espaço deixado pela Avianca Brasil. Entregar o bom serviço prometido dará à ITA a opção de ser uma grata surpresa na aviação brasileira. Há expectativas, ainda, na integração de modais.

"Unir o rodoviário aéreo em um sistema e alcançar as cidades do interior, com eficiência, seria um diferencial da ITA. A CVC Corp é pulverizada e conta com clientes em várias dessas cidades", afirma Guimarães.

Sylvio Ferraz concorda com as portas que a ligação com interior abriria e ainda menciona a bagagem gratuita como outra vantagem prometida pela ITA. "Também é importante que a companhia mantenha a pontualidade. Essa não é uma exigência apenas do viajante corporativo."

MÁRVIO MANSUR - GRUPO FLYTOUR

Em uma crise como essa, qualquer notícia que injete ânimo ao setor é bem-vinda e tem de ser explorada. Cada relatório que aponte aumento nas vendas, ainda que mínimo, deve ser comemorado, então o que dirá da inauguração de uma companhia aérea com dezenas de Airbus.

"A demanda reprimida pode se soltar nos próximos meses e à medida que o mercado fica competitivo, a ITA se torna relevante. É mais uma possibilidade aos clientes, que vão querer viajar como nunca. O mercado precisa de motivações como essa. É importante saber que há investimento, há empresários acreditando no mercado e uma equipe experiente por trás disso tudo. Gostei do que vi hoje, gostei do que experimentei no voo inaugural", conclui Márvio Mansur.