Rodrigo Vieira   |   28/10/2021 19:25
Atualizada em 28/10/2021 19:52

Retomada do luxo é real, mas o período nunca foi tão desafiador

Preço do aéreo, regras da covid e volume de trabalho estão tomando o tempo dos agentes de luxo

A retomada das viagens de luxo está longe de ser um elemento para enfeitar os discursos de consultores, agentes e fornecedores de alto padrão da indústria. Nesta ILTM Latin America 2021, em São Paulo, alguns dos principais profissionais do segmento confirmam: os negócios voltaram de vez. Buyers convidados pela feira de Turismo relatam que a demanda é imensa, diretamente proporcional à sua carga de trabalho. O marasmo das vendas durante a pandemia está sendo revertido em trabalho triplicado neste mundo pós-chegada da vacina.

Cofres se enchendo novamente, mas não sem inúmeros desafios. Praticamente todos os profissionais ouvidos nos corredores da ILTM relatam preços exorbitantes no tíquete médio aéreo internacional; dificuldades em se manter atualizado com as regras de pandemias e fronteiras; reservas para embarque em curtíssimo prazo, entre outros.

GOYA BY COPASTUR - RENATA GARCIA

PANROTAS / Filip Calixto
Renata Garcia, da Goya by Copastur
Renata Garcia, da Goya by Copastur
Na Goya by Copastur, o momento é do chamado revenge travel, a era em que a demanda reprimida pelo isolamento social se transforma em malas prontas e muita energia para explorar o mundo. É o que conta a executiva Renata Garcia, já apontando uma mudança na preferência pelos destinos internacionais conforme se abriram as fronteiras.

"O que era só México e Maldivas agora está mudando para França, Estados Unidos e outros países que reabriram mais recentemente. Mas fato é que estamos vivendo o revenge travel na Goya e tivemos de aumentar a equipe para dar conta de uma demanda tão diversificada", afirma. "Estamos sentindo uma certa euforia com o momento de vacinação e de melhora no quadro da pandemia. Há clientes reservando para 2022, outros para voar imediatamente. Essa semana emiti França para uma cliente que cotou na terça-feira e já embarca na sexta. Estamos trabalhando muito, acompanhando o cliente em toda a jornada da viagem."

INTERPOINT - FREDERICO LEVY

PANROTAS / Filip Calixto
Frederico Levy, da Interpoint
Frederico Levy, da Interpoint
Operadora especializada em esqui e esportes de neve, a Interpoint comemora a reabertura a tempo dos Estados Unidos, o principal destino de inverno no hemisfério norte para o cliente da empresa. O presidente Frederico Levy conta que a ansiedade era tanta que muita gente se arriscou e comprou mesmo antes do anúncio do governo norte-americano ser feito. Um risco que aparentemente valeu a pena, considerando a alta do preço das passagens.

"A oferta de voos ainda está reduzida e a demanda é explosiva. Está sendo desafiador vender Estados Unidos e outros países com as passagens nos preços atuais, mas nosso desempenho é bem positivo. Suíça, Canadá, França... conforme os destinos foram reabrindo, o impacto nas vendas era sentido diretamente. São países com muita demanda dos nossos clientes e estamos trabalhando mais do que costumávamos no pré-pandemia. É desafiador ser a fonte de informação do passageiro para temas como regras de entrada e vistos, mas é papel do agente", conclui Levy.

TRANSEUROPA - EBY PIASKOWI

PANROTAS / Filip Calixto
Eby Piaskowy, da Transeuropa, e Ricardo Werwie, da Plantel Turismo
Eby Piaskowy, da Transeuropa, e Ricardo Werwie, da Plantel Turismo
Eby Piaskowy está há pouco mais de um ano na Transeuropa, com a missão de desenvolver a operadora em São Paulo. Ela conta que a retomada, para a empresa, é um fato. "O mais interessante é que a demanda está vindo do próprio cliente, que questiona 'o que eu posso fazer?', e então a operadora tem espaço para trabalhar os produtos nos quais sabe servir melhor e já estão abertos", afirma a executiva. Viagens de grupo, FIT e cruzeiros são a especialidade da Transeuropa.

FÓRMULA VIAGENS E TURISMO - ANA CRISTINA VILLAÇA

PANROTAS / Filip Calixto
Ana Cristina Villaça, da Formula Turismo
Ana Cristina Villaça, da Formula Turismo
O cliente da Fórmula que viajava quatro, cinco vezes por ano e ficou no isolamento durante a pandemia está investindo todo o orçamento de várias viagens em uma só. A operadora definitivamente vive o momento de retomada, conta Ana Cristina Villaça.

"O tíquete médio subiu consideravelmente devido a esse comportamento. Tanto nas viagens nacionais, que ainda se sobressaem, quanto nas internacionais, eles estão querendo aproveitar a vida, procurando locais insólitos, praias, desertos, destinos de natureza e gastando mais. Estados Unidos e destinos da Europa estão em curva ascendente neste fim de ano e temos registrado muitas reservas para embarque em 2022."

PLANTEL TURISMO - RICARDO WERWIE
Os profissionais da Plantel Turismo estão se desdobrando para obter informações sobre vistos e aberturas de fronteiras, diz Ricardo Werwie. "Este tem sido nosso principal trabalho, pois as informações são muito dinâmicas. Temos de reaprender tudo. A maneira do operador trabalhar se alterou demais na pandemia. Outro desafio é lidar com o preço dos bilhetes aéreos, que estão mais caros do que nunca."

JET SET - CARLOS HENRIQUE ABATAYGUARA

PANROTAS / Filip Calixto
Carlos Henrique Abatayguara, da Jet Set
Carlos Henrique Abatayguara, da Jet Set
Carlos Abatayguara, da Jet Set, conta que está surpreso com a respota do turista high end pelos produtos de sua agência. A procura pelo esqui na Europa nunca esteve tão alta na Jet Set, ele afirma, e com a abertura dos Estados Unidos, a concorrência aumenta.

"A reabertura dos EUA vai impactar o mercado completamente. A Europa ganha um concorrente de peso. Esperamos que isso de alguma forma abaixe o preço dos bilhetes aéreos. As companhias aéreas estão com oferta reduzida e as taxas estão exorbitantes."

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados